quarta-feira, 25 de julho de 2012

Dezoito e nada


Fazia muito tempo que eu não chorava igual chorei noite passada. Quase não lembrava de como era me sentir tão vazia e infeliz que não coubesse mais mais dentro de mim, que era preciso me transbordar. O mundo pareceu tão mais pesado e perigoso , mas não devia ser assim! É meu aniversário! eu devia estar feliz, leve, mais uma etapa da minha vida está completa! Só que não. Sinto-me algo pequeno e inferior, algo incompleto, nunca fiz grandes conquistas, nada além da minha obrigação. Clássica, nunca Romântica.

Dezoito anos e eu nunca fiz algo memorável, sempre mediana. A verdade é que eu sou muito medrosa, desde pequena... Só comecei a andar com 14 meses, tinha medo de escolas novas e era tão tímida que não falava com as pessoas. Nunca fui popular, nem amada, nem odiada, apenas indiferente. Não sou do tipo que desperta simpatia, nem tenho atrativos especiais que algumas pessoas tem, sou tão comum como qualquer um. Já recebi congratulações por tirar boas notas, mas hoje sou muito preguiçosa para tanto. Sou ansiosa a ponto de passar a noite toda em claro preocupada com besteira.

Dezoito anos e eu ainda não gosto de gente, as pessoas ainda me assustam com seus jogos manipuladores e a falta de importância com os sentimentos dos outros - bem mais fácil fingir que não existe -. Falta humanidade na sociedade, falta em todo mundo, em mim e em você.

Mas admito que cresce, ainda não o suficiente, não acredito mais no que as pessoas me dizem, saudade a gente demonstra e não deixa quem a gente gosta ir embora. Sei escolher com quem ando, não acredito em más influencias e só os melhores se tornam confiáveis e esses são poucos. Porém ainda me fecho no meu universo, guardo tudo o que sou para mim, é frágil demais para esse mundo sem coração e assutador. Ainda choro no colo da minha mãe e durmo agarrada com um ursinho quando os monstros saem de debaixo da cama. Aos dezoito, me sinto mais criança do que nunca.


segunda-feira, 23 de julho de 2012

fim.


lê e vê se aprende, menina!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

puf

Embebedai-vos - Charles  Baudelaire


É necessário estar sempre bêbado.
Tudo se reduz a isso; eis o único problema.
Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo, que vos abate e vos faz pender para a terra, é preciso que vos embriagueis sem cessar.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.
Contanto que vos embriagueis.
E, se algumas vezes, nos degraus de um palácio, na verde relva de um fosso, na desolada solidão do vosso quarto, despertardes, com a embriaguez já atenuada ou desaparecida, perguntai ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai-lhes que horas são; e o vento, e a vaga, e a estrela, e o pássaro, e o relógio, hão de vos responder: É hora de se embriagar!
Para não serdes os martirizados escravos do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem tréguas!
De vinho, de poesia ou de virtude, a vossa escolha.