quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Diálogo interativo

Não me olhe assim. Parece que está me lendo. Pára, por favor. Ué, porque eu não quero seus olhos me encarando desse jeito, parece até que fiz alguma coisa errada. Claro que não! É que você me olhando assim parece que sim, parece que você sabe de alguma coisa que eu não sei. Ué, não sei, me diz você o que você sabe. Já pedi pra parar. Seus olhos assim em mim me deixam tímida, fico com vergonha. De você, ué, já disse que parece que me lê. Vai descobrir meus segredos. Ah para, você tá me deixando vermelha. Só você acha. Já disse você tem muito amor nos olhos, por isso me vê assim tão linda.

Me diga a outra parte ;)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Sobre ansiedade e como eu detesto me sentir sozinha

Hoje o meu pai me ligou. Normal, ele sempre me liga, não todos os dias, mas de vez enquanto pra saber se tá tudo bem, se preciso de alguma coisa, como está a faculdade, quantos dias faltam pra acabar e etc. Mas hoje me deu uma tristeza tão grande ouvir ele dizer que só vem na semana que vem, que "daqui a pouquinho a gente tá aí", foi um daqueles momentos em que eu quis chorar no telefone e implorar para ele vir hoje ou amanhã, mas que não demorasse. 

Hoje foi um daqueles dias em que me dá uma crise de ansiedade e fico incapaz de fazer qualquer coisa. Perco por completo a concentração e choro por carinho em todos os lados, faço manha e drama, tudo por uma pitadinha de atenção. Foi um desses dias de crise que me pegou hoje e me fez torcer para chegar logo alguém em casa, pois além de tudo sofri sozinha, eu sempre sofro sozinha.

Hoje foi triste, tive que te deixar. Você bem sabe como esses dias em que você vai e eu fico me deixam triste, aqueles em que vou e você fica também me doem, todas despedidas me doem essa é a verdade. Mas foi justo hoje que você foi, hoje em que toda minha ansiedade me atacou e toda minha tristeza veio para fora, hoje em que todos os filmes me fazem chorar.

Hoje foi um dia em que tentei fazer de tudo, puxar longas conversar no Facebook, ler meus infinitos textos teóricos ou aquele literário em que é preciso aplicar a teoria, tentei partir para a leitura livre, sem obrigações, tentei assistir filmes, mas eu sempre pulei para minhas partes preferidas e perdi o interesse. Tentei até mesmo achar interessante os testes da internet, porém hoje nem isso me bastava. E vinha aquele sentimento de tristeza que amarra o peito e coça o nariz e eu fico feliz por estar no meu quarto e não no meio da rua. 

Hoje chorei com post no Facebook, com conversa de internet, com Frozen e estou a ponto de chorar se não chover. Hoje é um daqueles dias em que o que eu mais queria era uma companhia, não pra contar sobre minha ansiedade meu trauma da solidão, só alguém pra conversar e distrair minha cabeça cheia de minhocas.

Hoje agradeci por ter ganho tantos doces e chocolates no dias das crianças. Obrigada mãe e pai, não sei o que seria de mim hoje sem eles.

sábado, 1 de novembro de 2014

Por que eu preciso do feminismo?

Hoje estava no Facebook, pra variar, e uma amiga publicou em um dos grupos que participo sobre uma página chamada Moça, não sou obrigado a ser feminista. Em um primeiro momento imaginei que fosse uma daquelas páginas em que as pessoas postam opiniões embasadas em algo, mas depois me caiu a ficha, no facebook? Não era uma página com diálogos, eram só pessoas reproduzindo desinformações e discursos de ódio. Não espero mais de algumas páginas, ainda mais as que não se abrem a diálogos, é sempre, "vão se foder", "isso é falta de louça para lavar". Me senti ofendida por várias frases, pensamentos e imagens  que eu vi e achei que seria bom enumerar o porque eu preciso do feminismo.

Nasci em uma das melhores famílias do Brasil, não em questões financeiras e nem em influência política ou econômica, por nada disso, mas porque na minha família sempre houve diálogo e igualdade de gêneros. Cresci vendo meus pais trabalharem a semana toda o dia todo, desempenhando as mesmas funções, ambos são professores, e nos fins de semana ambos cuidavam da casa, meu pai além de fazer a comida também lavava a louça, enquanto minha mãe era a motorista da casa. Tenho mais dois irmãos, uma menina e um menino, e desde pequenos fomos ensinados que todos devem ajudar nas tarefas de casa, que nós três tínhamos as mesmas obrigações, obrigações de criança, tirar a mesa, secar a louça. Meus pais nunca disseram que meu irmão não precisava lavar a louça. Mesmo meus avós nunca diferenciaram os netos das netas, todos tinham os mesmos deveres e privilégios. Claro que nem tudo era perfeito, no almoço do domingo, os homens faziam o churrasco e as mulheres lavavam a louça, mas para mim era só porque era uma ocasião diferente.

E mesmo com toda a minha criação, igualitária, vendo sempre meus pais dividindo as tarefas e a criação dos filhos, eram obrigações dos dois. Mesmo assim quando tive meus primeiros contatos com o feminismo em meus plenos 17 anos, logo percebi que era uma causa que correspondia minhas expectativas, colocava meus problemas em foco, E foi nesse primeiro contato que percebi o quanto machista e patriarcal é o mundo em que eu vivo, o quanto nós, mulheres, somos desunidas e de certa forma nos ensinaram a nos odiar, olha como ela tá bonita - é a maquiagem. E também somos sempre desvalorizadas, cobradas, submissas. Eu só descobri que precisava do feminismo quando eu conheci o feminismo.