domingo, 26 de agosto de 2012

muita coisa pra falar, mas pouco para escrever

Prometi a mim mesma que não escreveria sobre nada disso e que não revelaria o que está tão inscrito e quase lapidado na minha consiência. Não sou uma boa pessoa, som ruim e nem sempre tento ser melhor como é de se esperar de pessoas que sabem que não são boas. Tenho medo de não conseguir e me decepcionar no fim, e então acabo preferindo magoar as pessoas próximas com meus caprichos e dramas, não é bonito, é muito feio. Eu machuco as pessoas que chegam perto demais, mas nunca é minha intenção machucá-las, apenas acontece sem que eu perceba..



domingo, 12 de agosto de 2012

Pela primeira vez - parte I

Andava pela praia meio cabisbaixo, estava meio triste, infeliz. Nada dava certo em sua vida, não tirava boas notas, não tinha nenhum talento especial e até seus amigos lhe faziam deboche. Tinha 16 anos e sofria a pressão de nunca ter beijado uma garota, não que nunca tivesse tentado, só que elas sempre o viam como o amigo, o cara gentil e bacana, mas que não tinha aquela magia que os esportistas, os populares, os ricos tinham. Era apenas uma menino sentimental demais para beijar uma menina apenas porque ela está bêbada, ele não daria um beijo apenas por dar.

Hoje foi um dia normal, ele voltava para casa pelo mesmo caminho da praia e sentava nas pedras de frente para o mar como já era seu costume. O céu escurecia devagar e a maré subia lenta.

Descalçou os tênis e pegou seu caderno, começou a escrever. Tinha ares de poeta, sonhava com a boemia e suas musas, suas inspirações fugazes e vulgares, solenes e fúnebres. Suas poesias tratavam de coisas que ele desconhecia, como o amor e o prazer.

- Sou um idiota! - ele jogou a caneta no mar, irritado consigo mesmo e com a sua total falta de jeito em falar com as garotas pessoalmente enquanto escrevia sobre o amor de um jovem por mulher mais velha.

- Eu não acho. - disse um voz feminina e melodiosa.

Ele tomou um susto e procurou alguém ao redor, mas não encontrou ninguém, nem nas pedras e nem na praia. Devia ser imaginação, uma garota que não o achasse idiota só podia ser imaginação. Sorriu, sua mente já lhe pregava peças.

- Estou ficando tão maluco que fico imaginando coisas...

- Mas eu sou real! - disse a voz.

Assustou-se de novo, não podia ser imaginação! Algum engraçadinho da escola devia estar achando muito engraçado brincar com ele assim, mas a graça tinha acabado.

-Quem está aí? - gritou, mas ninguém respondeu. - Chega de brincadeira! Apareça!

- Eu estou aqui! - a voz respondeu, mas ninguém apareceu.

A maré tinha subido e acabava de encontra no pé dele, fazendo com que ele olhasse, pela primeira vez, para o mar e ficasse surpreso com o viu.

Havia uma moça coberta até os ombros pela água gelada, mas ela não parecia sentir frio. Não parecia ser uma garota comum, sua pele era ligeiramente azulada, o que lhe dava um aspecto pálido e cinzento e os olhos eram tão verdes quanto absinto e pareciam instáveis como o mar, agora eram serenos, mas a qualquer momento poderiam se transformar em uma perigosa tempestade. Ela também sorria.

- Olá, desculpe se te assustei. - ela disse com a voz sensual e cantante.

- Não foi nada... - ele respondeu todo bobo com a beleza daquela visão.

- Eu sou Aynê.

- Pedro.

A moça sorriu e chegou mais perto, tirando os ombros e o colo da aguá. O longo cabelo fantasmagorizava em torno do seu corpo, hora mostrando, hora escondendo.