terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Não é saudade, é um buraco imenso dentro de mim

Eu sei que faz só algumas horas desde que me despedi dele, que passei o fim de semana e até mais com ele, que dormir todos os dias na curvatura do ombro com o pescoço dele, que passamos dias de casal no começo de namoro, não se desgruda, não se larga. Sei de tudo isso, e sei que para a maioria isso serve de argumento para me dizer para não sentir essa ausência, essa saudade da maneira como eu sinto, mas, sabe, nunca me importei muito com a maioria.

Mesmo tendo passado todo o fim de semana com ele, e foi um fim de semana mágico, a despedida me dói, Talvez seja por isso que ela doa desse jeito, por ter sido tão bom ficar perto dele, por ter dado aquela sensação de que somos infinitos e imortais, por ter feito parecer que o tempo tinha parado e que eramos os sobreviventes do mundo. Talvez por tudo isso tenha sido tão ruim dizer até logo, dar um beijo de despedida e pedir se cuida e volta. Talvez ficar perto dele seja tão bom que tornou qualquer distância ruim.

Queria que seu cheiro ficasse em mim até você voltar.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Por destino ou por acaso

Queria escrever sobre a minha felicidade do dia. Já disse que tenho sérios problemas para decidir em que eu acredito em relação a destino e acaso. As vezes a ideia de destino é muito boa, tenho exemplos na minha vida que comprovam que as vezes o destino é muito plausível. Porém a ideia do acaso também parece muito lógica, por um acaso eu fiz um caminho diferente e te encontrei.

O que quero contar é que hoje na faculdade, por um acaso ou pelo destino, decidi não levar o meu livro na bolsa como sempre. Carreguei-o comigo, junto ao peito e ao meu caderno. Nada de mais até aí, só alguém andando pelo campus. Por acaso ou destino, decidi que hoje pagaria a multa da faculdade, poderia ter escolhido qualquer outra data, mas fui hoje. Lá chegando, na biblioteca, deixei meu caderno e livro em cima do balcão, nada de mais, gente, todo mundo faz isso.

Para me atender poderia ter vindo outra pessoa, qualquer funcionário, mas por destino ou acaso, veio ele. Não sei quem ele é, mas aposto que se eu descreve-lo para qualquer aluno da faculdade saberão me dizer quem é. Um tipo diferente ao mesmo tempo que não, magro, calvo, com óculos que provavelmente são de um grau muito alto, essas são as características físicas dele. Poderia também acrescentar as outras, que provavelmente atribuem a ele, que eu provavelmente já atribuí a alguém só de olhar, julgando mesmo, porque negar algo que por muito tempo existiu em mim e provavelmente ainda existem resquícios? Enfim, ele é um tipo inusitado, excêntrico, eu diria.

A questão é, ele veio me atender e ele viu meu livro A insustentável leveza do ser do Milan Kundera, perguntou se eu estava gostando do que estava lendo, respondi que sim e começamos a conversar sobre o universo mágico que são os livros do Kundera, sobre a forma dele abordar temas como amor e sexo de uma maneira tão sútil e tão verdadeira sobre o ser humano, e como ele conta histórias diversas que são entrelaçadas, diferente ao mesmo tempo em que são iguais. E não só isso, ele ainda me deu indicações de outros livros do autor. Sorri satisfeita e agradeci e ele me sorriu de volta. Foi minha felicidade do dia.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Lucky Ones

Os dias tem sido tão longos e quentes. Você sente a temperatura dos nossos corpos subindo? É tão ardente o jeito como te olho, não sente que estamos pegando fogo? A gente se queima quando se toca. Gosto de como a terra que existe em você se mistura ao fogo que me consome e a gente se completa. Te sinto ardendo, arfando, sangrando. Gosto de como manchamos o lençol branco da minha cama.

Gosto da sua pele vermelha, arranhada. Seu peso em mim e sua respiração junto com a minha, o seu ar é o meu e minha boca pertence a sua. Observo. Seus olhos escuros e fixos em mim. Você me lê e me decifra. Está ouvindo? Esse som rouco e distante que sai da minha garganta é a resposta e um incentivo. Continue. Meus dedos e unhas deslizam pela sua pele branca e marcam caminhos, trajetos, me deixam conhecer os seus atalhos. Meus olhos olham os seus e me dizem sobre o futuro. Sinto meu corpo tremer junto com o seu. Gosto de como nossos músculos entram em ressonância, vibrando na mesma frequência. A gente se mistura e se sente, arfando como iguais, conquistadores um do outro.

Gosto de como sorri pra mim com a respiração ainda ofegante, ainda com seu peso em mim e os olhos escuros perdidos nos meus. Sorrio com e para você. Deitada do seu lado eu me sinto completa, mesmo que nunca tenha sido pela metade. Sua pele na minha não me queima. Eletrifica. Fecho meus dedos nos seus e sorrio. Talvez, dessa vez, nós sejamos os sortudos.