Nasci em uma das melhores famílias do Brasil, não em questões financeiras e nem em influência política ou econômica, por nada disso, mas porque na minha família sempre houve diálogo e igualdade de gêneros. Cresci vendo meus pais trabalharem a semana toda o dia todo, desempenhando as mesmas funções, ambos são professores, e nos fins de semana ambos cuidavam da casa, meu pai além de fazer a comida também lavava a louça, enquanto minha mãe era a motorista da casa. Tenho mais dois irmãos, uma menina e um menino, e desde pequenos fomos ensinados que todos devem ajudar nas tarefas de casa, que nós três tínhamos as mesmas obrigações, obrigações de criança, tirar a mesa, secar a louça. Meus pais nunca disseram que meu irmão não precisava lavar a louça. Mesmo meus avós nunca diferenciaram os netos das netas, todos tinham os mesmos deveres e privilégios. Claro que nem tudo era perfeito, no almoço do domingo, os homens faziam o churrasco e as mulheres lavavam a louça, mas para mim era só porque era uma ocasião diferente.
E mesmo com toda a minha criação, igualitária, vendo sempre meus pais dividindo as tarefas e a criação dos filhos, eram obrigações dos dois. Mesmo assim quando tive meus primeiros contatos com o feminismo em meus plenos 17 anos, logo percebi que era uma causa que correspondia minhas expectativas, colocava meus problemas em foco, E foi nesse primeiro contato que percebi o quanto machista e patriarcal é o mundo em que eu vivo, o quanto nós, mulheres, somos desunidas e de certa forma nos ensinaram a nos odiar, olha como ela tá bonita - é a maquiagem. E também somos sempre desvalorizadas, cobradas, submissas. Eu só descobri que precisava do feminismo quando eu conheci o feminismo.
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