domingo, 13 de maio de 2012

Crônica de Trem

Sentada em um banco de um trem, ela imaginava.

A campina ardia em uma batalha feroz pelo destino do país. Os soldados os Império lutavam em nome do Imperador contra os Rebeldes, que defendiam suas casas, seus lares e, principalmente, sua liberdade. Homens gritavam e cavalos relinchavam em agonia. Fogo, sangue e dor sujavam a grama que já não era tão verde.

A campainha tocou, o trem parou em uma estação. Pessoas saíram, pessoas entraram. Ela observou uma mulher apagar o cigarro antes de entrar no vagão, e depois fechou os olhos e encontou a cabeça na janela.

Montada em seu Dragão, a Guerreira atacou o  exército inimigo. A espada cortava cabeças e destruia armaduras, as garras retalhavam e o fogo cozinhava. Quem poderia ir contra o Dragão e seu Guerreiro? Muitos soldados imperiais morreram pelas presas do Dragão, isso dava força e coragem aos Rebeldes, que iam ganhando terreno. Ao longe a figura sinistra do Imperador surge, montada em seu Espectro.

Mais uma parada, entra uma senhora de idade e todos ignoram sua presença. Malditos, será que ninguém é capaz de dar lugar a uma velha? Impelida por um altruísmo que não lhe caracterizava, ela levanta e dá seu lugar à senhora. Maldita boa educação! Segura-se e fecha novamente os olhos.

O Imperador voa em direção à Guerreira e seu Dragão, e ambos partem para um combate aéreo. Espadas e garras se chocam, mais sangue banha a campina. O Imperador é mais poderoso que a Guerreira, porém o Dragão consegue atingir a garganta do Espectro e rasgá-la. Um uivo agonizante paraliza a todos. O sangue escuro do Espectro começa a jorrar e a besta despenca desfalecida. O Dragão mergulhou em direção a sua presa e sem hesitar, come a cabeça do Imperador.

O trem para em uma outra estação. Poucos entram, nenhum saí. Alguém com um cheiro terrível de trabalho braçal para perto dela. O cheiro embrulha seu estômago. Porque as pessoas não andam com um desodorante no bolso? Concentra-se e volta a fechar os olhos. Na próxima o sofrimento acaba.

Os soldados vendo seu Imperador ser devorado pelo Dragão fogem. Os Rebeldes comemoram a vitória e se organizam para festejar e nomear o novo governante. A Guerreira volta para sua tenda, junta suas coisas e parte junto com seu Dragão. No alto de uma montanha, escondido em uma caverna, o jovem bruxo a espera, ancioso pelo regresso de sua companheira.

O trem para. Ela abre os olhos e saí, se esquivando das pessoas. Chega à plataforma, saí da estação, ninguém a espera. A fantasia parecia muito mais divertida. E vai para casa, ansiosa por um banho quente, seus livros e a cama macia.

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