terça-feira, 1 de outubro de 2013

Pelo direito de todos chorarem

Homem não chora. Foi nisso o que eu pensei quando estava na rodoviária da minha cidade esperando meu ônibus para partir.


Havia um homem e havia uma mulher, eles estavam juntos, eles estavam abraçados. Aguardaram a última chamada para o embarque do ônibus em que ela partiria. Itu/Salto. Não é tão longe, não pra mim e com certeza não para você se souber a distância entre a minha cidade e Itu/Salto. Mas para eles era, com certeza longe demais para aguentar a distância. Ela entrou e ele ficou de fora, observando. O ônibus foi e ele deu um aceno discreto na direção da janela dela. Ela chorava. E tenho certeza que ele queria chorar também porque tudo nele me dizia isso: as mãos, o corpo, o rosto e os olhos, principalmente os olhos perdidos em direção ao ônibus que ia.

Queria que ele chorasse, não porque gosto de ver os outros chorando, mas porque é a forma de expressão mais pura e realista que existe. Você chora e coloca tudo pra fora e a sua vida e angústia se esvai em lágrimas e mesmo uma só já é muito, já dizia o Coldplay "every teardrop is a waterfall". Chorar é lindo, mas a nossa sociedade linda e maravilhosa privou os homens disso! Eles não tem esse direito, porque chorar é coisa de mulherzinha, de gente fraca. Que absurdo, todos deviam ter o direito de chorar onde quisessem, quando quisessem e na frente de quem quisessem, sem que isso nos classificasse como pessoas inferiores e mais fracas. Quem chora devia ser considerado mais forte pelo simples fato de não ter vergonha do que sente e ser capaz de expressar-se de maneira pura. Minha opinião sobre o assunto.

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