quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Sobre pensamentos e privilégios que demoramos para entender

Pensei em escrever sobre várias coisas hoje, várias coisas mesmo, e também várias possibilidades. O que talvez eu escreva aqui posso postar no meu facebook, não posto por dois motivos, o primeiro é que gosto daqui como meio de me expressar, talvez por segurança, mesmo motivo pelo qual é mais fácil discutir por facebook do que pessoalmente, mas também minha ideia de que aqui é o meu espaço, tudo aqui tem a minha cara e o meu jeito e por isso acho que faz muito mais sentido escrever aqui do que lá, e também porque eu acho que acaba sendo muito mais uma reflexão minha do que qualquer outra coisa. O segundo ponto é poucos vão ler lá, poucos vão ler aqui, qual a diferença?

Hoje foi um dia em que li muita merda, mas muita mesmo. Concordo que cada um tem a sua opinião e que todos devem respeitar, o que não sou capaz de compreender é que pessoas sejam tão ignorantes a ponto de sair falando milhões de coisas sem um mínimo de conhecimento. Entendo que muito disso é consequência de criação, o que eu sou hoje em muito é resultado da educação que meus pais me deram, mas não sou capaz de compreender como alguém vai para uma universidade pública, ou mesmo que fosse uma particular, com um pensamento tão fechado e sem o menor interesse de sair da "bolha".

Falando sobre mim, entrei na faculdade com a cabeça muito diferente da que eu tenho agora, as ideias eram mais ou menos parecidas, mas faltava embasamento, faltava conhecimento para sair falando, na verdade ainda falta, não tenho segurança para falar. A faculdade me mudou muito, me fez crescer em vários aspectos, a pessoa que sou hoje sempre existiu, mas veio a tona na faculdade. Mas é muito fácil para mim ser pacifista, tentar me adaptar ao estilo "vida simples", ao não-consumismo, a tentar ao máximo levar uma vida saudável e ecológica, a pensar nos outros antes de pensar em mim, a tentar expulsar todo o mal de mim e ser uma pessoa boa. 

É fácil para mim porque eu tive escolhas e oportunidades, não sofro com nenhum tipo de preconceito, sou branca, hétero, de classe média e com uma família estruturada. Mas onde isso me dá o direito de apontar na cara do outro que não teve o que eu tive e dizer que a culpa é dele, que se ele está onde está porque quis, que foi uma escolha, quando na verdade ele não teve nenhuma escolha. Ninguém escolhe ser pobre e passar fome, ninguém escolhe estar nas ruas pedindo, roubando ou matando, é tudo consequência dessa sociedade conservadora e preconceituosa que ao invés de defender a minorias, só sabe chutar cachorro morto. É muito fácil dizer que a culpa é do marginal, quando se está seguro dentro da sua casa, com seus direitos garantidos e fumando a maconha que o tal do marginal te vendeu. 

Enfim, acho que me dispersei, mas acho que é bem isso.

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