sábado, 19 de novembro de 2016

as palavras me libertam de mim mesma

hoje eu fumei três cigarros seguidos. você sabe que eu não fumo, pelo menos não normalmente. mas hoje eu tava com um vazio tão grande que precisava de qualquer coisa que me preenchesse sem que mais ninguém se machucasse. você sabe que tenho mania de colocar os outros no meio do meu caos e que vez ou outra alguém acaba se machucando. muita vezes eu mesma.

hoje eu fumei três cigarros seguidos porque era tudo o que eu tinha. fumei porque não via outra saída. tinha só uma eterna vontade de me perder em alguma coisa. se não posso mais me perder no seu cheiro, que seja no cheiro de nicotina que agora está impregnado nas minhas roupas. 

fumei hoje porque queria sentir qualquer coisa que não fosse esse vazio constante, essa impressão de que o mundo inteiro está indo e eu ficando. tive vontade de sair andando na rua a esmo também, mas acho que tenho mais medo de sair andando meia noite do que de acabar com o pouco que resta dos meus pulmões. 

fumei hoje porque eu queria qualquer coisa que fizesse com que eu me sentisse um pouco mais viva. se não pode ser com você tocando meu corpo, que seja com o vento frio da varanda e o toque áspero do papel na minha boca. 

tenho estado perdida por tanto tempo que acho que esqueci de como faz pra me encontrar. tô buscando umas saídas alternativas, nada que valha muito a pena, talvez qualquer coisa que tire esse gosto amargo da garganta e o salgado dos olhos. queria me perder de alguma forma, queria alguma coisa que me ajudasse a dormir sem pensar muito. queria qualquer coisa que me fizesse acordar sem sentir o mundo pesando nos cobertores e tornasse fácil o dia seguinte, sem a culpa de ter arrastado alguém pra dentro disso tudo.

hoje eu fumei três cigarros seguidos porque não sei o que aconteceu entre mim e você, porque de uma forma ou de outra ainda sigo pensando onde foi que eu errei.

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