terça-feira, 29 de novembro de 2016

um dia daqueles bem meio médio

As vezes, e veja bem que eu disse as vezes, eu queria sumir no sentido mais puro da palavra. Sumir, deixar de existir, desaparecer como um passe de mágica. As vezes dá essa vontade de ir embora também, de juntar tudo em uma malinha de mão e ir sei lá pra onde, pra lugar nenhum, pra qualquer lugar, pra onde tenha sol batendo na janela no fim da tarde e esquentando meu colchão.

Tem dias que eu queria sumir, cavar um buraco bem fundo no chão e me enterrar ali pra sempre e ficar por ali debaixo da terra, no escuro esperando tudo passar. Nesses dias dá vontade de ficar trancada no quarto e fingir que não existo, que não tem mais ninguém. São dias em que eu dormiria o dia todo só pra não precisar sair. Dá até uma vontadinha de inventar uma dor de barriga, uma garganta ruim pra não ter que sair da cama. 

Hoje eu inventei todas as desculpas do mundo pra não ter que levantar, adiei a soneca o máximo possível pra não ser obrigada a abrir a janela e encarar esse dia. Um dia que era igual a qualquer outro dia, que tinha tudo pra ser bem comum e normal, que não tinha nada de especial, que era só um dia, mas que algo em mim fez parecer o pior dia pra acordar.

Enrolei pra levantar, enrolei pra sair do quarto. Só ousei abrir a porta quando a fome gritou dentro de mim e era isso ou ter uma crise hipoglicêmica. Não queria ver ninguém, só queria me afundar em algum lugar e ficar lá por um tempo. Não queria ter que conversar e responder que tava tudo bem, porque hoje não tava e eu não tinha como explicar o porque de não estar tudo bem, eu ainda não sei porque não está tudo bem.

Dias como hoje despertam em mim uma solidão sem tamanho e é a maior contradição do universo. Porque eu quero ficar sozinha, quero todo mundo bem longe, quero que esqueçam de mim e quem eu sou e vou afastando quem começa a querer chegar muito perto. E é nessas horas que tudo que eu queria é um abraço daqueles que demoram pra acabar e que parecem que deixam as coisas mais quentinhas na vida. Mas como nesses dias eu não quero gente perto fica difícil ter um abraço.

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