terça-feira, 7 de junho de 2016

G R E V E

A minha Unesp está em greve, e eu não poderia estar mais de acordo com isso.

Já é a terceira em quatro anos de faculdade. O que isso significa? Significa, meu bem, que o ensino público está em colapso e que se não formos nós lá na frente defendê-lo as coisas vão ficar muito feias.

Estava falando com a minha mãe, que mesmo não sendo uma pessoa muito política sempre incentivou os filhos a serem, mas com parcimônia afinal "de sua opinião, minha querida, mas tome cuidado com os lugares em que você vai fazer isso". Esses dias, enquanto falávamos da greve e de como eu acho que deveria para toda a educação, ou melhora, ou ninguém mais estuda. Ela me perguntou o que vou fazer da vida depois que terminar a graduação, na verdade ela só queria uma desculpa pra me empurrar pro mestrado, e ai ela me disse uma coisa que estava tão certa que ta me assustando até agora: "Filha, dê um jeito de permanecer na universidade, porque se você sair, daqui pra frente, vai ser muito mais difícil de entrar".

Vocês já pararam pra pensar que do jeito que indo as coisas, vai estar mesmo? Quer dizer, vamos indo do macro pro micro: temos uma governo federal que além de golpista está governando para uma parte do Brasil, aquela parcelinha pequena dos ricos e que detêm uma parcela bem grande da renda do país. Esse governo não está preocupado com todo mundo, logo, porque ele ia querer manter as universidades públicas com qualidade? Não que todo mundo tenha acesso a universidade pública, uma das pautas da greve atual é justamente permanência estudantil. Mas você acha que esse governo ta se importando? Eu não acho.

Vamos partir pra algo mais próximo: nosso grande governador Geraldo Alckmin!!! Sendo filha de professores que sempre trabalharam na rede estadual de ensino e tendo estudado boa parte da vida nessa mesma rede, sei que não é de agora que os tucanos sucateiam a educação. Mas confesso que antes eu achava que isso era um problemas das escolas de ensino básico e médio, que a universidade era diferente, afinal, quão grandes não são os nomes da Usp e da Unicamp?

Ledo engano, três greves em quatro anos não é porque universitário é vagabundo e gosta de causar. É que, meu bem, a situação está foda. Vamos pensar apenas em mim e ver quais poderiam ser meus motivos pra querer a greve do jeito que eu quero: dos 6 professores que eu tenho esse semestre, 3 são substitutos, ou seja, não podem orientar, criar projetos de extensão e não criam vínculos com a universidade. Se eu precisar fazer qualquer trabalho que envolva edição de vídeos/imagens/som, eu terei que me virar com os programas de edição ~alternas~ da faculdade, porque a infraestrutura dos laboratórios da faculdade é bem precária e não há muito incentivo para melhorar. Se um dia precisar ficar na faculdade o dia inteiro terei que me contentar com os salgados da cantina, porque não tem RU pra todo mundo, na verdade, tem 300 refeições pra uns 6000 alunos. E isso são só algumas coisas, e essas são só as que me afetam de forma mais direta, euzinha, que tenho uma série de privilégios.

A greve está lá e não vai parar tão cedo, não até que nossas reivindicações sejam ouvidas, até que nossas demandas sejam atendidas. E eu pretendo estar lá, pra ver isso acontecer.

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